Duas perguntas pequenas

Olá, AnaPaula,

Como está você? Tenho duas perguntas. Ultimamente li que:

  1. A frase “Dê-me o livro, por favor” está antiquada, e por isso se usa “O Sr. me da o livro”. É certo?
    2 a."Esse"se usa quando o objeto está longe da pessoa que fala, mas perto à pessoa que escute. b. “Aquele” se usa quando o objecto está longe também das duas pessoas juntas.
    Eu entendo que assim é segundo as reglas gramáticas, mas eu pergunto se a gente faz esta diferença na fala diária?

Com um abraço, Alan

Olá, Alan.
estou bem, e você?
No caso 1, a frase “Dê-me o livro, por favor” não é exatamente antiquada, apenas muito formal, e mais comum na forma escrita. “O Sr. me dá o livro” é mais próximo da língua falada. Estritamente falando, está “me dá” está conjugado errado. O correto seria “me dê”, mas em vários lugares do Brasil o uso do “dá” é o mais comum.
Em 2, sim, você está correto. Sim, as pessoas usam “esse” e “aquele” da forma apropriada (seria o equivalente à diferença entre “this” and “that”) . No caso de “esse”, existem duas formas ligeiramente diferentes “esse” e “este”. A maioria das pessoas usa “esse” na língua falada, e quando precisa escrever alguma coisa mais formal procura o dicionário para saber se deve usar “esse” ou “este”. Eu mesma, nunca consegui memorizar a diferença.
Espero ter ajudado.

A primeira frase, na minha opinião está mais correcta. Não apenas pela formalidade, mas pela gramática. O pronome objecto vêm sempre depois do verbo quando se trata de uma pergunta do gênero Ex: Pode me comprar uma coca-cola? Por favor. Ou então Faz me o favor de abrir a porta. O pronome objecto vêm depois…

Olá, Anapaula e Tomasito!
Eu acho que aqui no caso 1 vemos um exemplo clássico da diferença da lingua do Brasil e o Portugal (e África). Não é? É dizer, há ciertas partes da lingua (frases, modismos etc.) que estão ainda aceitáveis no Portugal mas no Brasil, embora se conheçam, não se usam na fala cotidiana porque estão consideradas demasiado formais.
Com repeito ao caso 2, não entendo bem o que AnaPaula escreveu. Eu sempre pensava que “este” é igual a “this” enquanto também “esse” e também “aquele” são iguais a “that”. Por isso, eu pergunto como “esse” se considera igual a “this”? É dizer, se há dois pares têm de ser assim: “este-esse” (this-that) ou “este-aquele” (this-that), mas não “esse-aquele” (that-that)?

Com um grande abraço,
Alan

Continuas certo Alan! O este-esse equivale (this-that) o mesmo com (este-aquele)… Estás correctíssimo.

Sim, está correto, mas na maioria das vezes os brasileiros costumam falar Esse no lugar de Este.
Eu, por exemplo, dificilmente faço uso da palavra Este.

Olá, pra todo o mundo!
Em resumo: há um problema com “este-esse” em Brasil. Eu entendo que no Brasil (segundo as respostas), na fala diária se usa “esse” em lugar de “este”.
Mas, eu tenho um livro moderno de ensino do português falado do Brasil (da escola Berlitz onde eu sou professor) onde sim se aponta a diferença (gramáticalmente) entre “este-esse-aquele” como em Portugal ( e não se confunde entre “este-esse”):

  1. “Este” quando o objeto está perto à duas pessoas.
  2. “Esse” quando o objeto está perto só à pessoa que escuta.
  3. “Aquele” quando o objeto está longe das duas pessoas.
    Mas, ainda mais: efectivamente, o livro ensina o uso do par “este-aquele”, e não faz caso do uso de “esse” em absoluto.
    Assim, a minha pergunta é: o que ocurre no Brasil, e o que há de ensinar a gente que estão aprendendo a lingua do Brasil?
    Com um grande abraço,
    Alan

Alan…
Claro que não sou brasileira mas acho que talvez você esteja analisando demais. Acho que lá no Brasil, nas escolas e tudo mais, eles ensinam o uso correto de “este/esta” vs. “esse/essa” e que nas tarefas os estudantes usam (ou aprendem a usar) as formas certas. No início fiquei um pouco confusa com isso também. As regras que você citou são também certas, que eu saiba. Mas assim como a gente aqui nos EUA não fala tudo sempre gramaticamente certinho, lá no Brasil, no dia-a-dia, eles também não falam tudo completamente de acordo com todas as regras da gramática da língua portuguesa. Isso é normal com idiomas, não é mesmo?
Eu já percebi isso no Brasil quando eu estava lá também. Quase ninguém fala “este/esta” na fala cotidiana… eles falam “esse/essa” nos dois casos (para dizer “este/esta” E “esse/essa”… ou seja, para ambos os casos que você citou lá em cima, 1 e 2).
Então, por que não ensina assim também? Ensina as regras “certas” mas também avisa os estudantes que na fala “informal” os brasileiros costumam falar só “esse/essa” e “aquele/aquela”? Eu sempre acho que é bom saber as duas… a língua “certinha” e a língua como ela é falado diariamente.
Boa sorte =]

Minha querida Just Me,
Tudo isto não é um ponto muito importante na lingua, mas quando a gente ensina alunos ainda as coisas mais pequenzinhas teêm sua importância, se não para os alunos, então para o professor. Para mim, foi uma sorpresa total saber que todo isto existe na lingua do Brasil e por iso, acho que hei melhorado meu conhecimento do português.
Mas, efectivamente, você tem razão. O mais importante é saber o que acontece dia-a-dia na fala da gente que vive no lugar. Ensinar segundo os costumes diários da gente; disto não há nenhuma duda.
Mais uma coisa: Estou muito obrigado por sua resposta tão interesante, e também por o tempo que tem gasto no escrito.
Com um abraço
Alan

JustMe
“Acho que lá no Brasil, nas escolas e tudo mais, eles ensinam o uso correto de “este/esta” vs. “esse/essa” e que nas tarefas os estudantes usam (ou aprendem a usar) as formas certas.”

Análise perfeita, é isso mesmo que acontece por aqui. Quando a gente está falando rápido é mais fácil pronunciar “esse” do que “este”. Então a gente acaba usando o “esse” nos dois casos. O mesmo vale para “isto” vs “isso”.

abraços

É verdade, no Brasil a gente só usa o “esse” no dia-à-dia, apesar de aprender as diferenças enter esse/este, que a gente decora para passar no vestibular e depois esquece… hhehehehe

Cá em Moçambique raramente usamos o “esse”. Dá se mais ênfase ao “este-aquele”. Mais prático para nós.

Alan…
Sem problema. Eu estava tentando dar outra opinião e também fazer uma observação de alguém que não fala português como língua materna mas que tem exposição prática a esse “fenômeno”. Já que você é professor, entendi sua preocupação, claro.
E não se preocupe… não gastei muito tempo escrevendo em português, não. :wink:

Learning English…
Que bom que acertei na mosca. Obrigada por verificar. =]
Eu também já “caí” nesse costume e falo sempre “esse/essa”, mas não acho ruim. Eu já aprendi a forma “certa” e acho que eu conseguiria usá-la corretamente, se eu precisasse. Prefiro falar de um jeito um pouco mais informal, assim como as pessoas com quem eu falo.

Em qualquer língua, nunca se deve observar as conversações dos falantes nativos de um país ou uma nação pela leitura de gramática.
Poque a gramática é uma regra que existe a muitos anos,ela não muda como as pessoas,ela não tem gírias ,não tem sotaques,mas a língua está em constantes mudanças, aliás são os seres humanos que lavam ela adiante e não as regras gramaticais.

  Se vocês observarem a fala a décadas atrás,na língua Brasileira, perceberão que não tem nada haver com a língua da atualidade. Se a gramática fosse o ponto de partida para aprender um idioma,nós não precisava ouvir os falantes nativos falarem.
     Quando vocês tiverem tempos observem  as constantes mudanças do pronome {"você"}aqui no Brasil.Vocês perceberão que em cada tempo ou décadas as pessoas mudam e seus vocabulários também.

 Antes aqui no Brasil os nossos antepassados falavam assim:"vossa mercê", que evoluiu sucessivamente a "vossemecê", "vosmecê", "vancê" e você. "Vossa mercê" (mercê significa graça, concessão) era um tratamento dado a pessoas às quais não era possível se dirigir pelo pronome tu.

 E se irmos mais além no dia a dia nós falamos "Cê" exemplo: "CÊ VA PRA ONDE HOJE"?isto acontece muito rápido é a modernidade da língua,o certo seria do jeito  que um estrangeiro aprende. "VOCÊ VAI PARA ONDE HOJE"? outro exemplo disto é o hino brasileiro muitos de nós não sabemos os significados das palavras por terem um vocabulário antigo.     

Sabino